terça-feira, 28 de junho de 2011

Leitura terapêutica


A atividade biblioterapêutica é uma atividade que pode ter a atuação do bibliotecário. Infelizmente, não tive a oportunidade de entendê-lo na prática, pois minha formação básica não foi suficiente para tal. Esse foi um dos motivos de ter escolhido este tema para a pesquisa do mestrado, afinal ler sobre um assunto é uma coisa, entender sua aplicação já é outra história...

Talvez, a melhor solução é entender uma coisa por vez... Vamos começar, então, pela leitura terapêutica.

Quando eu penso em leitura terapêutica, me recordo do livro As mil e uma noites. No livro, Sherazade distrai o rei Shariar - que pretendia matá-la - contando histórias, noite após noite. As histórias foram a salvação de Sherazade e para o próprio rei Shariar, pois sua narrativa contínua concedeu ao rei uma segunda chance na vida para confiar e amar.


Este livro demonstra o poder de uma boa história, pois a narrativa envolve o leitor e o incentiva a querer saber mais. O ato da leitura pode resultar numa transformação cognitiva, emocional e intelectual. A leitura, também, é uma forma de entretenimento, pois proporciona momentos de prazer, permitindo o leitor identificar-se com personagens, situações e emoções diversas.  

A leitura é basicamente um processo narrativo e interpretativo. Na leitura terapêutica, esse processo é mais profundo, pois há vários componentes envolvidos. Seriam eles: Catarse, humor, identificação, introjeção, projeção e introspecção. Tais componentes trabalhados nas atividades biblioterapêuticas resultam na pacificação de emoções.

Por enquanto, o importante é entender que a leitura na biblioterapia é um processo essencial e sua aplicação é feita para um grupo/indivíduo que interprete e entenda as histórias com o objetivo de encarar situações de uma forma proativa ou corretiva.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Conhecendo a Biblioterapia

Essa introdução é um trecho da minha monografia...

A biblioterapia é uma atividade que utiliza a leitura para ajudar as pessoas a lidar com os seus problemas, sejam de caráter social, emocional ou moral. Sua aplicação pode ser realizada em hospitais, prisões, asilos, orfanatos, escolas, bibliotecas, entre outros.

Ao ler ou ouvir uma história, o leitor se depara com um personagem com quem pode se identificar e participar de sua experiência, distanciando de seus próprios problemas. Ao mesmo tempo, encontra a possibilidade de encarar seus conflitos, sem medo, ansiedade ou autocrítica.

O ser humano através da leitura tem um envolvimento emocional com o texto, aplicando o que leu em sua própria vida. É essencial o papel da interpretação nas atividades biblioterapêuticas, pois é a oportunidade de unir a percepção objetiva e subjetiva. (OUAKNIN, 1996)

A biblioterapia é primariamente uma filosofia existencial e uma filosofia do livro, que sublinha que o homem é um ser dotado de uma relação com o livro. Dessa forma, essa relação com o livro – a leitura – permite ao homem compreender o texto e se compreender. O leitor, ao interpretar, passa a fazer parte do texto interpretado. A interpretação é a junção da explicação objetiva do texto e da sua compreensão subjetiva. A interpretação descobre um outro mundo, o mundo do texto, com as variações imaginativas que a literatura opera sobre o real. A biblioterapia, portanto, propõe práticas de leitura que proporcionem a interpretação dos textos (OUAKNIN, 1996, p. 200).

Há diferenças entre uma simples leitura e a leitura terapêutica. A primeira é superficial com intuito de entreter, já a segunda faz parte de um processo terapêutico, que requer uma relação mais profunda com o texto. Este processo consiste numa atividade interativa baseada em interpretação de textos, destacando o diálogo. O diálogo é o fundamento da biblioterapia (OUAKNIN, 1996), ou seja, as etapas de entendimento de um texto incluem a interpretação em grupos que é o mais importante, pois dá oportunidade de troca de informações além de proporcionar a garantia de que o paciente ou cliente não está sozinho.

Outro ponto relevante nesta atividade é a escolha do texto que deve ser lido, a “seleção e prescrição de livros de acordo com as necessidades dos pacientes, condução da terapia baseada em comentários de leitura, e avaliação dos resultados” é necessária (RATTON, 1975, p. 199). Os resultados são variados, dependendo do método utilizado (leitura, atividades lúdicas, hora do conto, e outros). É nesta etapa de escolha do texto que entra o papel do bibliotecário que deve conhecer tanto os livros como os leitores, e a partir daí definir os efeitos de colocar os dois juntos.

A biblioterapia nasceu dos termos derivados das palavras latinas biblion (livros) e therapein (tratamento), segundo Caldin (2001). Seu significado se resume basicamente ao tratamento por intermédio da leitura. Foi constatado na literatura que os conceitos de biblioterapia se convergem, tanto nos profissionais da área de informação como os profissionais da área de educação e de psicologia, porém sendo uma atividade interdisciplinar, cada área encara a importância deste método de forma diferenciada.

A biblioterapia, em seu histórico, começou a ser utilizado em áreas médicas e educativas e só foi aplicada à área de biblioteconomia no século XX. Rosa (2006, p. 21) dentro deste contexto conclui que devido ao fato de ter desenvolvido principalmente no ambiente dos hospitais e clínicas de saúde mental, a Biblioterapia foi aplicada quase de forma corretiva, e voltada para aspectos clínicos de cura e restabelecimento de pessoas com profundos distúrbios emocionais e de comportamento.

No Brasil esta atividade iniciou-se na área médica, aplicada principalmente por profissionais da área da psicologia. Aos poucos as áreas da pedagogia e da biblioteconomia foram se envolvendo nesta atividade. Atualmente vê-se a interação de profissionais de várias áreas trabalhando em conjunto para a aplicação de atividades biblioterapêuticas.

Os processos de aplicação da biblioterapia de acordo com Marcinko (1989) têm diferentes objetivos, podendo ser para desenvolvimento pessoal ou para processo clínico de cura. O trabalho da biblioterapia não se restringe a um tipo único de tratamento, sua aplicação é de caráter tanto preventivo quanto corretivo, pode ser então classificada em três tipos: institucional, clínica e desenvolvimental.

O processo de biblioterapia é tão variado quanto as suas definições, porém sua aplicação segue uma lógica. O processo biblioterapêutico compõe da vários componentes de acordo com Caldin (2001): catarse, humor, identificação, introjeção, projeção e a introspecção.

A aplicação da biblioterapia é basicamente empírica, pois todo o processo é analisado e estudado tendo como resultado um relatório que permite a avaliação das aplicações. Sendo assim, a biblioterapia é uma atividade de cunho científico e como tal precisa-se de estudos específicos para ser entendido, aplicado e aprimorado.


Referências Bibliográficas

CALDIN, Clarice Fortkamp. A leitura como função terapêutica: biblioterapia. Encontros Bibli : Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 6, n. 12, dez. 2001.
 
OUAKNIN, Marc-Alain. Biblioterapia. Tradução Nicolás Niymi Campanário. São Paulo: Loyola, 1996.
 
RATTON, A. M. L. Biblioterapia. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 4, n.2, p. 198-214, 1975.
 
ROSA, Aparecida Luciene Resende. As cartas de Ana Cristina César: uma contribuição  para a Biblioterapia. 2006. 82 f.  Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Vale do Rio Doce, Três Corações, MG, 2006.